[Amigos de Krishna] Reencarnação: Tudo o que Você Sempre Quis Perguntar
Reencarnação: Tudo o que Você Sempre Quis Perguntar
Pavanesana Dasa
O que é reencarnação? O que determina meu nascimento? Tais coisas afetam quem não as conhece? Em que momento da gestação chega a alma no novo corpo? O sistema de karma é crueldade de Deus? E os animais? Quando isso acaba?
A palavra reencarnação está se tornando cada vez mais popular. Para a maioria das pessoas, soa como algo místico e exótico. Muitos, entre yogis, pensadores antigos e religiosos, promoveram essa ideia. Embora a crença em reencarnação seja rejeitada pela maioria das igrejas cristãs, pesquisas recentes mostram que muitos aceitam a reencarnação como um fato.
Apesar de sua popularidade, o conceito de reencarnação permanece um conceito vago para a maioria das pessoas, com pouca influência sobre a vida inclusive dos que acreditam nisso. A ideia comum de que reencarnação significa renascer como outra pessoa carece de clareza e favorece várias outras noções erradas sobre o assunto.
Não é possível entender o verdadeiro significado da reencarnação sem entendermos nossa identidade verdadeira e a diferença entre matéria e espírito. Nos ensinamentos referentes a esse ponto essencial, aprendemos que toda entidade viva é uma alma espiritual, distinta do seu corpo. A relação entre alma e corpo é similar à relação entre um motorista e seu carro. O carro é uma ferramenta para cumprir uma missão determinada pelo motorista. O motorista existe independente do carro, mas o carro, sem o motorista, é apenas um pedaço de metal inerte. Essa conclusão é a primeira compreensão da vida espiritual. A partir disso, podemos examinar o tema reencarnação. A seguir, discutiremos isso a partir das perguntas mais frequentes sobre o assunto.
Eu posso renascer como outra pessoa?
Isso depende do que você quer dizer com “eu”. O verdadeiro “eu” é a alma. Ela é a verdadeira pessoa, e ela jamais muda. A alma, sim, muda de corpos, no entanto, e porque a alma se identifica com esses corpos, ela parece se tornar, no sentido material, uma nova pessoa.
Como se determina qual será a minha próxima vida?
Você mesmo determina isso através do que você faz. Isso é claramente explicado na Bhagavad-gita (8.6): “Qualquer estado de existência de que alguém se lembre ao deixar seu corpo, ó filho de Kunti, esse estado ele alcançará impreterivelmente.”
O estado de consciência na hora da morte determina o próximo nascimento.
Aquilo de que você se lembra na hora da morte resulta das ações, dos pensamentos e dos desejos de toda a sua vida. Segundo a literatura védica, existem 8.400.000 espécies de vida, e você, a alma espiritual, tem que aceitar o corpo de uma espécie em particular de acordo com as atividades e os desejos de sua vida presente.
Mas eu não poderia ter um corpo de animal!
Por que não? A reencarnação não se limita às espécies humanas. A diferença entre um animal e um ser humano é apenas o corpo. Não existe diferença entre uma alma em um corpo humano e uma alma em um corpo de cachorro.
Segundo Darwin, corpos físicos evoluem, alguns até chegarem à forma humana. A literatura védica, porém, afirma que todas as formas de vida sempre existiram, e que a alma está migrando das formas inferiores de vida em direção às formas superiores até a forma humana.
Portanto, é a mesma alma que centenas de milhares de anos atrás viveu em corpos de répteis, peixes ou aves que está vivendo agora no corpo de um ser humano – você e eu.
Na plataforma corpórea, há pouquíssima diferença entre os animais e os seres humanos: Os animais comem e nós comemos, eles dormem e nós dormimos, eles se reproduzem e nós nos reproduzimos, eles se defendem e nós nos defendemos.
Se alguém se comporta como um cão ou porco, certamente pode obter o corpo de um desses animais em sua próxima vida.
Como exatamente a alma transmigra de um corpo para outro?
Existem três níveis de existência: a alma, o corpo sutil e o corpo grosseiro. O corpo sutil está dentro do corpo grosseiro, como uma mão dentro de uma luva. Na hora da morte, a alma e o corpo sutil (composto de mente, inteligência e falso ego) deixam o corpo grosseiro (composto de terra, água, fogo, ar e éter, ou espaço). Os elementos físicos que estavam temporariamente reunidos para compor o corpo grosseiro, então, se desmembram.
Depois de deixar o corpo, a alma, carregada pelo corpo sutil, entra em uma partícula de sêmen e, então, é alocada no ventre de sua próxima mãe.
Quando essa nova vida começa? Pergunto especificamente pela controvérsia do aborto.
Visto que, antes de tudo, a alma não morre, não há questão de “começo”. A vida é um contínuo. Mas, nesse caso, os Vedas explicam claramente que a “nova” vida, ou o desenvolvimento de uma nova cobertura física para a alma, começa na hora da concepção. É impossível matar a alma, mas, no mundo material, matar se refere a matar o corpo material. Nesse sentido, aborto em qualquer estágio é, sim, assassinato.
Renasço no mesmo ambiente onde morri na vida anterior?
Você pode nascer em qualquer planeta.
Mas não existe vida em outros planetas!
Isso pode ser o que ensinaram para você, mas considere isto: Você não pode viver na água, mas um peixe certamente pode. Você não pode viver no interior do solo, mas uma minhoca pode. Dizer que não existe vida em outros planetas porque nós não podemos viver lá é como dizer que não existe vida na água ou dentro do solo porque não podemos viver ali.
Os Vedas explicam que a vida existe em todo lugar – em todos os planetas, em todos os universos. Obviamente, quem vive em determinado planeta está adaptado para as condições dali. A natureza providencia o corpo apropriado.
Quantas vidas terei que reencarnar?
Isso depende de você. Você pode reencarnar por ciclos infindáveis – subindo e descendo neste mundo material – se você assim desejar. Mas a vida humana lhe dá a oportunidade de descontinuar essa situação problemática, se você quiser.
O que acontece quando alguém se torna um animal novamente?
A alma evolui gradualmente através de espécies cada vez mais elevadas até chegar na forma humana. Um animal não é responsável por suas atividades. Ele não pode se degradar e cair em corpos inferiores. Em outras palavras, se um animal mata você, ele não recebe a reação kármica de matar, porque é sua natureza. Em contraste, tão logo a alma alcança a forma humana de vida, torna-se responsável por todas as suas atividades. Ou seja, se você mata um tigre desnecessariamente, você receberá a reação kármica de matar. O ponto que quero dizer é que o ser humano pode se degradar através de suas ações, ao passo que o animal progride automaticamente.
Não é injusto responsabilizar um ser humano que desconhece a lei do karma?
É por isso que uma sociedade esclarecida ou educada tem que conhecer as leis de Deus. Completo conhecimento é dado à sociedade humana na forma das escrituras. Os Vedas se destinam a guiar o ser humano de modo que ele não viole as leis universais que governam cada um de nós.
Infelizmente, a sociedade humana de hoje está rejeitando todo o conhecimento espiritual e se envaidecendo com o dito avanço da ciência e tecnologia. Que tipo de progresso é esse que degrada as pessoas a uma existência animal em sua próxima vida?
Na sociedade védica, os líderes tinham a responsabilidade de se certificar de que as pessoas fossem instruídas na ciência espiritual. Contudo, os líderes modernos nem mesmo sabem que existe tal ciência. Portanto, o Movimento Hare Krishna, através da publicação de literatura védica, está enfatizando a educação espiritual.
As pessoas ignorantes da lei do karma são igualmente afetadas?
Ignorância não é desculpa. Por exemplo, quando uma criança toca no fogo, o fogo não pensará: “Ah! Essa criança não sabe que eu sou quente. Não a queimarei.” Não. O fogo queima – quer você esteja ciente de sua propriedade de queimar, quer não. Portanto, o que liberta do sofrimento é a educação espiritual, e não a ignorância.
Esse sistema parece cruel. Qual o sentido de um ciclo infindável de reencarnação?
Não. Não se trata de algo cruel. O sofrimento é um ímpeto para a entidade viva encontrar uma solução para os seus problemas. O mundo material é um lugar de sofrimento. “Partindo do planeta mais elevado no mundo material e indo até o mais baixo, todos são lugares de sofrimento, onde acontecem repetidos nascimentos e mortes. Mas quem alcança a Minha morada, ó filho de Kunti, jamais volta a nascer.”(Bhagavad-gita 8.16)
Esse verso explica que o mundo material é, por natureza, um lugar desagradável. Mesmo se houver felicidade, é temporária: não durará. E nós causamos o nosso próprio sofrimento. Muitas pessoas costumam culpar Deus por seu sofrimento, mas Deus quer que retornemos para o mundo espiritual, onde não existe sofrimento nenhum.
Este mundo material não é a nossa casa. Nossa situação é como a de um peixe fora d’água. Você pode dar a um peixe um televisor, um carro importado e uma mansão, mas tudo de que um peixe necessita é água. Ele não se interessa por todas as facilidades na superfície seca. Da mesma forma, a felicidade temporária no mundo jamais irá nos satisfazer. O sofrimento proporciona a motivação para alcançar a meta da vida – voltar ao Supremo.
Se alguém está desfrutando de felicidade material, geralmente não vê nenhuma razão para se voltar a Deus. Infelizmente, não sabe que seu desfrute não tem como durar. Quando os resultados de suas atividades piedosas se exaurirem, o sofrimento retornará, embora ele não queira isso. Verdadeiro desfrute não pode ser obtido por meio dos sentidos materiais, mas somente através de um caminho espiritual.
Quando termina o ciclo de reencarnações?
O corpo humano é a única forma de vida que nos permite findar esse ciclo. Apenas nesta forma a consciência está desenvolvida o bastante para entender a diferença entre matéria e espírito. Animais não podem entender isso. A única ocupação deles é comer, dormir, acasalar-se e defender-se. Não são capazes de compreender qual é a meta da vida.
Contudo, se o ser humano não tira proveito desta oportunidade e simplesmente se dedica a maneiras sofisticadas de comer, dormir, acasalar-se e defender-se, ele não é nada mais do que um animal sofisticado. O único propósito da vida humana é desenvolvermos nossa consciência de Deus original, rompermos o ciclo de nascimentos e mortes, e voltar ao lar, voltar ao Supremo.
O processo para se conseguir isso se chama bhakti-yoga, ou serviço devocional, que envolve ter uma conduta espiritual de acordo com as injunções das escrituras védicas e do mestre espiritual fidedigno. Fazendo isso, a pessoa não estará mais atada às leis da natureza material que a forçavam a transmigrar pelo mundo material.
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segunda-feira, 29 de julho de 2019
sexta-feira, 12 de julho de 2019
[Amigos de Krishna] O Caminho para a Irmandade Universal
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qua, 10 de jul 15:45 (há 2 dias)
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O Caminho para a Irmandade Universal
A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada
Alcançado o nível de compreensão espiritual, podemos ver a unidade entre todos.
Nós naturalmente nos preocupamos com nossos parentes, e não queremos que se machuquem. Mas quem é realmente nosso parente? Em um sentido superior, parente não significa apenas meu irmão, minha irmã, meu pai ou meu tio. No sentido mais amplo, significa todas as entidades vivas, pois, originalmente, todas as entidades vivas são partes integrantes de Deus e se relacionam com Ele assim como os filhos se relacionam com o pai. Todos nós, portanto, somos irmãos.
Por exemplo, se você é afetuoso com seu pai, você naturalmente também se torna afetuoso com seu irmão. Algumas pessoas estão propondo a irmandade universal, mas quando perguntamos: “Prezado, onde está o pai?”, eles dizem: “Ah! Não tem pai.” Onde, então, está a possibilidade de irmandade? Se você não identifica quem é seu pai, como selecionará seu irmão? Essas propostas são imperfeitas. Se você quer de fato fazer algo por seu irmão dentro da irmandade universal, você deve, antes de qualquer outra coisa, estabelecer sua relação com o pai do qual você se perdeu.
Krishna, Deus, declara na Bhagavad-gita (14.4):
sarva-yonisu kaunteya
murtayah sambhavanti yah
tasam brahma mahad yonir
aham bija-pradah pita
murtayah sambhavanti yah
tasam brahma mahad yonir
aham bija-pradah pita
“Deve-se entender que todas as espécies de vida, ó filho de Kunti, são possibilitadas pelo nascimento nesta natureza material, e que Eu sou o pai que dá a semente.”
Os cristãos também consideram Deus como o pai supremo. Os cristãos vão à igreja e rezam: “Pai nosso que estais no céu.” Qualquer sistema religioso de boa qualidade afirma isto: “Deus é o pai original.” Esse é o fato. Se Krishna é o pai supremo, Ele é o pai de todos, em todas as espécies de vida, em todas as formas de vida, e todos são nossos parentes. Como poderia ser de outra forma se Krishna é o pai original? Isso é a consciência de Krishna, que leva um devoto a nunca querer cometer nenhuma violência contra qualquer entidade viva.
As diferentes formas das entidades vivas são apenas como suas roupas externas, mas, na verdade, todo ser vivo é uma alma espiritual, uma parte integrante de Deus. Assim, não é apropriado favorecer apenas um tipo de entidade viva. Como o Senhor diz na Bhagavad-gita(5.18):
vidya-vinaya-sampanne
brahmane gavi hastini
suni caiva svapake ca
panditah sama-darsinah
“O sábio humilde, em virtude do conhecimento verdadeiro, vê com visão equânime um brahmana erudito e cortês, uma vaca, um elefante, um cachorro e um comedor de cachorros [pária].”
Assim, o sujeito erudito não olha para as roupas que cobrem externamente a entidade viva, mas vê a alma pura dentro das variedades de roupas e sabe muito bem que as variedades de roupas são uma criação da ignorância.
Sama-darsinah significa “visão igual”. Superficialmente, no âmbito externo, há muita diferença: um brahmana erudito é o homem mais inteligente na sociedade humana, e o outro é um cachorro. Contudo, quem é pandita, quem é consciente de Krishna, vê que são iguais, pois são a mesma centelha espiritual. Pelo karma de cada um, um deles se tornou um erudito, e o outro se tornou um cachorro, mas, dentro dos diferentes corpos (dehino 'smin yatha dehe), está a alma. Essa é a visão.
Krishna também tem visão equânime. Nas pinturas, vemos Krishna abraçando um bezerro. Ele não abraça apenas as gopis [vaqueirinhas], mas está abraçando os bezerros também, bem como as vacas. Para Krishna, as gopis, os bezerros e as vacas, ou qualquer um em Vrindavana que veio servi-lO, são todos iguais. Ele não faz este tipo de discriminação: “Aqui está uma gopi, uma mocinha bonita. Ela, então, vou amar mais do que eu amo o bezerro.” Não. E os devotos de Krishna procedem da mesma maneira, pois a consciência de Krishna significa que o devoto tem a mesma qualidade de Krishna em grau diminuto. É por isso que o devoto também é igual para com todos, considerando todos como membros da mesma família.
Naturalmente, no tocante à externalidade, não me comportarei da mesma forma como um brahmana e um cachorro. Isso é o comportamento externo. Internamente, no entanto, devemos saber que tanto o brahmana quanto o cachorro são centelhas espirituais. Isso se chama brahma-jnana, “conhecimento do eu espiritual.”
brahma-bhutah prasannatma
na socati na kanksati
samah sarvesu bhutesu
mad-bhaktim labhate param
“Quem está situado na transcendência de imediato compreende o Brahman Supremo e se torna completamente jubiloso. Ele jamais se lamenta ou deseja ter algo, e ele tem igual disposição para com toda entidade viva. Nesse estado, ele alcança o serviço devocional puro a Mim.” (Bhagavad-gita 5.18) Um vaishnava, desta maneira, é realmente uma pessoa perfeita, porque ele se lamenta quando vê outros infelizes e sente alegria quando vê outros alegres.
Nós somos a força viva, a alma, mas estarmos nos identificando, no momento presente, com o corpo material. Isso é insanidade. Todos estão pensando: “Sou japonês”, “sou inglês”, “sou alemão”, “sou indiano”, “sou branco”, “sou negro”, “sou homem”, “sou mulher” e assim por diante. Mas tudo isso é insanidade, o que deve ser curado com este entendimento: “Não sou o corpo. Sou alma espiritual.” Isso é verdadeiro conhecimento. Então, é possível entender este ponto: “Todas as entidades vivas são almas também, tão importantes quanto eu. Todos são meus irmãos.” Isso se chama irmandade universal, na plataforma espiritual.
Na plataforma material, tal coisa não é possível, porque a plataforma material é sinônimo de ignorância. O sujeito não sabe quem ele é. Porém, quando você chega à plataforma espiritual, você pode entender. Portanto, se queremos realmente igualdade, fraternidade, amizade, amor e perfeição, temos que nos tornar conscientes de Krishna.
A consciência de Krishna é uma grande ciência. Infelizmente, não há um departamento nas universidades para esta ciência. Por isso, convidamos todos os homens sérios que estejam interessados no bem-estar da sociedade humana a entenderem este grande movimento e, se possível, participarem dele e cooperarem conosco. Os problemas do mundo serão resolvidos.
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