[Amigos de Krishna] A Caminho de Casa: O Clássico de uma Geração
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A Caminho de Casa: O Clássico de uma Geração
Satyaraja Dasa
Toda geração atual teve seu bestseller de um guia místico, frequentemente focado na vida de um buscador exemplar. “Autobiografia de um Iogue” e “A Montanha dos Sete Patamares” tiveram grande destaque em seu tempo. A próxima geração, agora, converge para “A Caminho de Casa”.
A Caminho de Casa (Journey Home, em inglês) é uma memória espiritual – a autobiografia de um jovem excepcional da contracultura, que deixa os Estados Unidos em busca de si mesmo. Tentando desesperadamente acessar o Oriente interior, ele parte primeiro para a Europa, visitando catedrais, lugares sagrados e pontos de encontro de hippies. Com pouco mais do que um coração buscador e uma gaita de blues, ele deixa poucas áreas sem investigação, conforme sua jornada o leva pelo Oriente Médio e além. Os ideais religiosos do Ocidente e os modelos que os exemplificam são, naturalmente, seus primeiros guias e guichês de informação. Ele é aberto, não-sectário e, acima de tudo, muito ávido.
Por fim, ele chega à Índia, perto do fim de 1970, onde dá consigo vivendo a vida ummendicante andarilho – ou sadhu, como chamam na Índia – com pouco dinheiro e praticamente nenhuma posse. Suas viagens o levam a muitos lugares, tanto geográfica quanto filosoficamente, e o leitor o vê amadurecer centenas de anos de sabedoria. Em poucos meses, seu mundo jovem cresce em conhecimento e vivência. Nós o acompanhamos pela terra mágica do yoga, meditação e revelações que tocam a alma. Em vários momentos em sua jornada, ele se encontra com leprosos deformados e assustadores Naga Babas, budistas absortos em meditação e iogues místicos – e até mesmo velhos amigos do Ocidente e devotos angélicos.
(Visite o site oficial do livro A Caminho de Casa: goo.gl/K4RlGn)
Pelos encontros pessoais do autor, o leitor é introduzido a muitos dos iogues, monges e gurusmais destacados da época – Swami Shivananda, Swami Rama, Swami Satchidananda, Swami Chidananda, Maharishi Mahesh Yogi, Ananda Mayi Ma, Neem Karoli Baba, Muktananda, e até mesmo Dalai Lama e Madre Teresa –, seja diretamente, seja por suas histórias e ensinamentos. Nos encontramos com santos anônimos também, cujos nomes jamais teríamos ouvido se não pelos relatos de Radhanath Swami. Nosso carismático buscador medita debaixo da árvore Bodhi original – aquela sob a qual o próprio Buda meditou e se iluminou! – e estuda com mestres e ascetas.
Cada experiência o aproxima de sua meta. Nós testemunhamos, com ele, a cremação de cadáveres em Benares e fascinantes peregrinações a cidades antigas (e mundos interiores), onde a vida assume novos significados, alto no Himalaia, Tibete e em inumeráveis terras santas. Ele vive em cavernas e selvas, e vagueia pelo subcontinente com uma sede “pela verdade” raramente vista – em lugar algum.
A Caminho de Casa, publicado no Brasil pela editora Relighare.
O livro é repleto de episódios que tocam o coração (e às vezes partem o coração) – como quando ele tem que escolher entre o amor de uma bela moça ou seguir em sua busca como um celibatário, ou quando ele se encontra com seu eterno guru. Todas essas cenas são recriadas para o leitor com profunda emoção e narrativa perita. Tanto textos descritivos quanto análises subjetivas abundam no livro, fazendo dele uma joia preciosa, que enriquecerá o leitor com seu brilho agradável.
O encontro com seu eterno guru, A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, é, sob muitos aspectos, o episódio pivô no livro. Foi nessa ocasião memorável que tudo o que ele aprendera, de repente, fez completo sentido. O pôster do Senhor Krishna que nosso jovem buscador carregou consigo por muitos meses, incontrolavelmente atraído por ele, ganhou personalidade e definição pelas palavras e a vida de Srila Prabhupada. Tudo se encaixou, como a fusão dos três rios – o Ganges, o Yamuna e o Sarasvati – em Prayaga. Ainda assim, sua jornada continuou, mesmo após descobrir seu mestre, apenas para ter a certeza de que nenhum baú deixou de ser aberto.
Radhanath Swami, autor de A Caminho de Casa.
Ao longo da obra, encontramos as realizações mais intensas do autor, bem como cartas escritas para sua família em terras distantes, destacadas em itálico do restante do texto. Esses momentos são ricos, expressivos, provocantes e nem um pouco rasos. Com efeito, esses momentos, junto das fotos coloridas no interior do livro, mostrando o autor quando jovem, com fotos de familiares e amigos, bem como de “celebridades” religiosas, como o Dalai Lama e outros, nos permitem visualizar os principais personagens em sua vida e enriquecem imensamente o impacto do livro sobre nós como um todo.
Toda geração atual teve seu bestseller de um guia místico, frequentemente focado na vida de um buscador exemplar. A década de 40 nos presenteou com obras sobre a vida de Ramakrishna e Vivekananda, bem como sobre a vida de Paramahansa Yogananda, no clássico Autobiografia de um Iogue. O livro A Montanha dos Sete Patamares, de Thomas Merton, detalhando a busca de um monge trapista, veio logo em seguida. As décadas seguintes produziram relatos místicos em grande abundância, com destaque para a série de Carlos Castaneda sobre o xamã yaqui de nome Don Juan Matus e o clássico cult Miracle of Love: Stories About Neem Karoli Baba. The Ochre Robe, uma autobiografia escrita por Agehananda Bharati, dominou o gênero nos anos 80, mas houve outros.
Esses primeiros livros autobiográficos, listados acima, focaram em shaktas (adoradores da energia feminina e material) ou em neo-hinduístas ligados ao advaita-vedanta (a escola de pensamento monista), ou em iogues, como no caso de Yogananda. Para uma hagiografia cristã, Merton foi, sem dúvidas, mais moderno em sua abordagem. As histórias biográficas do índio yaqui e de Neem Karoli Baba foram tingidas pelos gostos psicodélicos dos anos 60 e por um hinduísmo genérico. Agehananda foi um membro da ordem renunciada conhecida comodashanami, seguidor das conclusões filosóficas de Shankara.
A próxima geração, agora, converge para A Caminho de Casa. Como seus predecessores, oferece aos leitores uma aproximação muito íntima com a vida de um verdadeiro buscador, e com a tradição que ele, por fim, escolheu seguir. Contudo, o que é ímpar nesta obra é que a tradição escolhida é o vaishnavismo, popularmente conhecido como “Hare Krishna”. Sendo ovaishnavismo a religião vastamente majoritária dos praticantes do “hinduísmo” no mundo hoje – uma estatística trazida, inicialmente, pelo próprio Agehananda Bharati –, sua omissão nas páginas das biografias espirituais do mundo é indesculpável.
Finalmente e felizmente, se faz chegada a hora do vaishnavismo receber o espaço que merece, e dificilmente poderia haver um representante mais digno para isso do que Radhanath Swami. Com efeito, ele aprendeu lições com absolutamente todo líder espiritual e toda tradição religiosa, e apreciou todos eles conforme cruzavam seu caminho. Radhanath Swami vê a realidade de maneira plural, pura e livre de preconceitos, jamais reduzindo o mérito e o valor de qualquer forma genuína de espiritualidade esotérica. Ele é livre de julgamentos, sem motivos ulteriores, fazendo jus à característica saragrahi dos vaishnavas: a busca da essência, vendo todas as religiões como muitos caminhos para a mesma meta, que é, obviamente, Deus. Isso faz dele um vaishnava de primeira classe. Enfim, A Caminho de Casa, sem dúvidas, merece toda a repercussão positiva que tem, e merece encontrar seu caminho até a casa dos corações de toda uma geração.
Se gostou deste material, também gostará destes: Encontrando Deus: Perspectivas Cristã e Hindu sobre Aprofundamento na Experiência Espiritual | Os Benefícios do Yoga.
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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020
sábado, 12 de outubro de 2019
[Amigos de Krishna] Por que a Bhagavad-gita É Tão Pessimista?
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Por que a Bhagavad-gita É Tão Pessimista?
Chaitanya-charana Dasa
“Este mundo é miserável”, declara Krishna. Onde Ele quer chegar?
Após apresentar uma palestra em uma universidade, me fizeram perguntas que eu havia feito a mim mesmo quando conheci a filosofia da consciência de Krishna: “Por que a filosofia védica é tão pessimista? Já que o mundo oferta ao mesmo tempo prazer e dor, por que a Bhagavad-gita considera o mundo um lugar de sofrimento?”
Ao longo de uma década e meia de prática e distribuição da consciência de Krishna, tenho preparado e refinado respostas a essas perguntas. Aqui está minha resposta curta em quatro pontos:
Analisemos estes pontos sistematicamente.
Mergulhe no Sofrimento
Podemos conseguir insights quanto ao pêndulo prazer-dor do mundo examinando o pêndulo prazer-dor do nosso corpo, através do qual experimentamos o mundo fundamentalmente. Para esta discussão, utilizarei a sigla DIVE (mergulhar em inglês).
A vida no corpo material tem mais possibilidades de sofrimento do que prazer.
Duração: Os prazeres que o corpo pode nos conceder, tais como comer e ter relações sexuais, duram apenas poucos minutos. No entanto, as dores que o corpo pode nos causar, tais como problemas crônicos nas costas ou artrite ou câncer, podem durar anos.
Intensidade: O corpo é bem mais sensível à dor do que ao prazer. Se estamos deitados confortavelmente em uma cama, sendo massageados por mãos calmantes e macias, uma agulhada em qualquer parte do corpo irá causar uma dor cuja intensidade excede a do prazer experimentado em todas as outras partes do corpo.
Variedade: As maneiras pelas quais o corpo pode nos dar prazer são poucas, enquanto as maneiras pelas quais pode nos causar dor são muitas, até inumeráveis. Os olhos podem nos dar prazer especialmente por vermos objetos atrativos, mas podem nos causar dor por serem golpeados, perfurados ou arrancados, ou por se inflamarem, se infectarem ou se cegarem por uma miríade de doenças.
Extensão: Poucas partes do corpo podem nos dar prazer, primariamente os órgãos sensoriais, como os olhos, ouvidos e a pele, enquanto muitas – ou melhor, todas – as partes do corpo podem nos causar dor. A não ser de uma maneira geral por contribuir para um corpo saudável, nenhum dos órgãos internos, como os rins, fígado ou coluna, podem nos conceder prazer, mas todos podem nos causar dor excruciante por adoecerem de numerosas maneiras.
Esta análise mostra que o pêndulo prazer-dor do corpo, e, por extensão, o pêndulo prazer-dor do mundo pende pesadamente para o lado da dor. É por isso que, com uma franqueza não sentimental, o Srimad-Bhagavatam (7.9.25) declara que o corpo material é ashesha-rujam virohah, o foco de criação de doenças e misérias ilimitadas, e a Bhagavad-gita (8.15) declara que o mundo material é duhkhalayam ashashvatam, um local de sofrimentos onde a pouca felicidade que podemos obter com as nossas atitudes e ações mais otimistas é arruinada devido à sua natureza inescapavelmente temporária.
Quando o Pior nos Leva ao Melhor
A mensagem essencial da Bhagavad-gita, no entanto, não é pessimista, mas otimista. Ela nos indica o mundo espiritual eterno, onde nós, como almas indestrutíveis, podemos reaver nosso destino de felicidade eterna. Para garantir que não percamos esta oportunidade gloriosa devido à esperança fútil por felicidade neste mundo, ela proclama francamente que a verdadeira natureza deste mundo é o sofrimento. Aqui está uma analogia para melhor entendermos essa estratégia.
A mensagem essencial da Bhagavad-gita é otimista, nos indicando o mundo espiritual.
Imagine que uma pessoa é diagnosticada com um câncer grave que é curável, mas somente através de quimioterapia rigorosa. O paciente pode hesitar inicialmente quando informado do severo tratamento, mas pode ficar disposto a passar por ele quando são lhe apresentadas duas escolhas: uma morte excruciante, gradual e inevitável, ou um tratamento exigente que irá recuperá-lo. Quando defrontados com um problema sério, muitas vezes uma análise objetiva da pior das hipóteses é o melhor caminho para se chegar à melhor delas.
Os textos védicos aplicam esse mesmo princípio à nossa atual existência material. Eles explicam que, no momento, todos nós estamos doentes; somos almas eternas afligidas por amnésia. Embora tenhamos direito a uma vida eternamente bem-aventurada em serviço devocional a Deus, devido ao fato de nós nos confundirmos com nossos corpos materiais temporários, temos que sofrer desnecessariamente os sofrimentos da velhice, doença, morte e renascimento – repetidas vezes. O lado “bom” da vida – o desfrute dos prazeres mundanos – nos cega a esses duros fatos da vida e nos enche com a esperança infrutífera de que alguns ajustes temporários dentro da nossa existência material nos libertarão do sofrimento. Assim, o “lado bom” da vida perpetua nossa existência obscura e doente.
A maioria de nós se complica tanto perseguindo o “lado bom” da vida que nós esquecemos ou negligenciamos seus sofrimentos e, então, perdemos a oportunidade de nos curarmos. Curarmo-nos requer uma terapia espiritual na qual nos expomos a estímulos espirituais centrados em Deus, como os santos nomes, os santos devotos, as escrituras sagradas, belas deidades e os remanentes sagrados de alimentos oferecidos a Deus (prasada). Diferente da quimioterapia, que é dolorosa do começo ao fim, essa terapia espiritual aparenta ser dolorosa no início, mas acaba sendo praticada com alegria após um pouco de prática (Gita 18.37). Na verdade, se a terapia for praticada na companhia de devotos-guias atenciosos e competentes, pode ser praticada alegremente desde o início. Porém, experimentar essa alegria requer uma prática comprometida e contínua, um preço que a maioria de nós reluta fortemente a pagar. Assim, os textos védicos nos oferecem uma análise firme e não sentimental das duas opções diante de nós: sofrimentos durante a vida que são repetidos por muitas vidas futuras, ou uma terapia devocional que requer comprometimento agora, mas que nos restabelece na nossa vida eterna, bem-aventurada e natural. Frente a esses fatos, nossa relutância em adotar a terapia espiritual evapora, e a porta que leva à vida eterna se abre.
Saber como será a vida sem o tratamento pode nos ajudar a aceitá-lo.
Esta estratégia védica profundamente sábia é evidente no fluxo progressivo da Bhagavad-gita: Inicialmente, ela declara que este mundo é um lugar imutavelmente miserável, e finalmente revela o potencial dentro de cada um de nós de alcançar a bem-aventurança divina. Assim, o pessimismo inicial da filosofia védica é o começo essencial que conduz a seu otimismo definitivo.
Não Subestime a Realidade
Discussões sobre o mundo espiritual podem nos levar à pergunta: “Este anseio por um outro mundo cheio de felicidade não é uma tentativa de se escapar da realidade?”
Sim, vida espiritual é uma tentativa de escapar – não da realidade, mas para a realidade.
Examinemos objetivamente o que as pessoas consideram como vida real. É a luta perpétua do ventre ao túmulo. É uma luta contra a pressão extremamente árdua – às vezes literalmente, como sob o peso de mochilas escolares, e sempre figurativamente. Lutamos contra a pressão das expectativas alheias, contra concorrência acirrada por emprego, contra desarmonia familiar e guerras domésticas quentes e frias, contra o envelhecimento do corpo e, finalmente, contra a sentença de morte inerente aos nossos corpos mortais. Em meio a todas essas lutas, nos ocupamos em versões complexas da busca animalesca por comida, sono, acasalamento e defesa. A incerteza de sucesso nessas buscas nos estressa constantemente, e a esperança por conseguir algum sucesso é o que chamamos de “otimismo”. Mas não podemos simplesmente desejar que as doenças, o envelhecimento e a morte de nossos corpos desapareçam. Mesmo quando angústias não nos devastam, nossas vidas se tornam tão entediantes que há mais pessoas consultando psicólogos por causa do tédio do que por angústia. Mesmo a atitude mais otimista faz pouco para mudar esta intragável, porém inegável, realidade fundamental: a natureza de sofrimento da existência material.
Como definimos como real uma vida que é tão vazia, tão sem sentido, tão decepcionante, tão sufocante? Como nos enganamos ao ponto de aceitarmos como real uma avaliação tão ridiculamente baixa do nosso potencial humano? Entendamos com uma analogia.
Quando pessoas desejam jogar um videogame de realidade virtual, este desejo as separa da realidade de suas identidades e as lança em um mundo cibernético ilusório onde experimentam emoções artificiais por se confundirem com o personagem do videogame. De modo semelhante, a Bhagavad-gita (13.22) relata que, quando desejamos desfrutar de coisas materiais, este desejo nos separa da realidade das nossas identidades espirituais e nos lança no mundo material ilusório, onde experimentamos emoções artificiais por nos confundirmos com nossos corpos materiais. No entanto, diferentemente de um videogame, esta confusão material não é nem descontraída nem agradável; nos concede prazer insignificante e nos causa dor significante.
Quando, por boa fortuna, percebemos esta natureza falha e malfadada das nossas buscas ilusórias, esta realização desperta dentro de nós um desejo de pôr um fim à nossa separação da realidade. E quanto mais abrirmos mão do prazer ilusório e do otimismo hiper-ilusório que nos mantém atados à busca por esse prazer ilusório, mais reconquistamos nossa felicidade legítima e real em amor espiritual por Deus
Nossa vida real é muito mais graciosa do que esta.
Nossa vida real – nossa vida eterna no mundo espiritual – é muito mais digna do que as indignidades às quais nossos corpos nos sujeitam, muito mais graciosa do que as desgraças com as quais o mundo nos golpeia. Nossa vida real é a vida do espírito, a vida da liberdade, a vida da felicidade, a vida da eternidade. A Bhagavad-gita proclama que nossa vida real está além da vida deste mundo material de sofrimento. Nossa vida real sacia nosso anseio inato por imortalidade. Nela, nosso desejo intrínseco por amor é eterna e completamente preenchido, repousando-o na todo-atrativa e todo-amorosa Pessoa Suprema, Krishna. Essa vida de amor é a nossa vida real, e não a presente caricatura feia e desafortunada da vida que erroneamente rotulamos de vida real.
A Harmonia do Aqui e do Além
É por isso que a Gita (8.15) insiste para que nós retornemos do mundo material, onde hoje vivemos, para o mundo espiritual, ao qual pertencemos. Apesar desta aparente rejeição do aqui em favor do além, a Gita (18.78) conclui com uma garantia de sucesso no aqui. Isso demonstra a mensagem de conexão da Gita, não a de rejeição: a conexão do aqui com o além, não a rejeição do aqui, com uma visão somente para o além. De fato, a Gita declara que o aqui é também o reino de Deus (5.29), com o qual Krishna se importa tanto que Ele faz Seu advento repetidas vezes (4.7) para restabelecer a ordem virtuosa (4.8) que ajuda as pessoas a atingirem o mundo espiritual (4.9). A Gita (11.32-33) ainda indica que, por agirmos responsavelmente no aqui, nós O podemos auxiliar em preservar e promover a ordem aqui.
A Gita não nos ensina a rejeitar este mundo em favor do mundo espiritual, mas a harmonizá-los.
Se nós nos importarmos somente com o aqui, ficaremos apegados ao aqui e cegos para o além, assim nos privando do nosso direito à felicidade eterna. Se nós nos importarmos somente com o além, ficaremos apáticos e irresponsáveis para com o aqui, assim falhando em exercer nosso papel de preservar a ordem no aqui.
Tendo em mente a beleza, a glória e a eternidade do mundo espiritual, podemos nos imunizar contra a possibilidade de sermos cativados pelos prazeres fugazes e promessas ilusórias deste mundo. Tendo em mente o papel do mundo material como a arena que nos molda para que possamos atingir o mundo espiritual, podemos enfrentar os desafios deste mundo com determinação e sabedoria. É por isso que a Gita (8.7) nos compele a um equilíbrio dinâmico entre o aqui e o além: Deseje sinceramente o mundo espiritual, e aja com responsabilidade neste mundo aqui.
Tradução de Gaura Prasada Dasa. Revisão de Bhagavan Dasa.
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