quarta-feira, 6 de maio de 2020

[Amigos de Krishna] Corona-samhita: Uma História de Amor em Meio à Pandemia

[Amigos de Krishna] Corona-samhita: Uma História de Amor em Meio à Pandemia


Bhagavan Dasa
Vitimado pelo demônio Corona e sem abrigo em qualquer hospital ou mesmo casa, o que você faria?
VERSO 1: Inicio este Corona-samhita oferecendo minhas mais humildes e respeitosas reverências a Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que, com os ensinamentos em seus livros e em sua vida pessoal, matou o vírus do egoísmo no coração de seus seguidores sinceros e estabeleceu ali a semente sempre saudável conhecida como serviço devocional.
VERSO 2: Em seguida, ofereço minhas reverências a todos os leitores pela paciência de permitirem que um desqualificado como eu imite Bhaktivinoda Thakura e Narada Muni em escrever ficção. Essas duas personalidades, devotos puros de Krishna, compuseram magníficas histórias ficcionais vividas pelos personagens Prema Dasa e Puranjana, as quais são ricas em ensinamentos profundos. Peço aos meus leitores que não riam de mim, pois estou ciente de minha pequenez.
VERSO 3: Este Corona-samhita é inteiramente ficcional, mas faz referências aos ensinamentos da Bhagavad-gita e do Srimad-Bhagavatam, que são completamente verdadeiros, de natureza revelada e infalíveis, o que confere dignidade para este texto. 
VERSO 4: No final do ano de 2019, surgiu em terras orientais um poderoso demônio conhecido pelo nome Corona. Possuidor dos poderes místicos de tornar-se menor do que o menor e de se tornar mais leve do que o ar, ele logo dominou o mundo inteiro.
VERSO 5: Viajando pelo céu e pelos mares, Corona espalhou terror por toda a Terra, tal qual fizeram no passado demônios formidáveis como Hiranyaksha e Hiranyakashipu. Sem discriminar entre homens e mulheres, brancos e negros, privava o mundo de ar e anunciava mais cedo a morte de muitos.
VERSO 6: Temendo essa ameaça invisível aos olhos, os governantes de diversas partes do planeta esconderam-se em seus castelos e ordenaram que todos os cidadãos fizessem o mesmo. Exceto aqueles hábeis no manuseio de ervas medicinais, comerciantes de alimentos e os responsáveis pelo patrulhamento das ruas, todos se retiraram do convívio público.
VERSO 7: Se em uma vila se fazia conhecida uma vítima desse demônio, logo eram duas vítimas, e depois quatro, e depois vinte, e depois mais de cem. Aqueles que perdiam seus entes queridos não podiam enterrá-los, com medo de a besta estar escondida dentro de um grão de poeira ou mesmo na gota de um espirro.
VERSO 8: Ó melhor dos leitores, escuta agora, por favor, a história de uma das vítimas mais memoráveis do Corona. Sua história merece ser contada porque a mesma se mistura às glórias do Senhor e de Seus devotos.
VERSO 9: Vítor, enquanto voltava de uma viagem em terras estrangeiras, sofreu um golpe avassalador em suas costas. Era o demônio Corona que o atacava, invisível como um fantasma. Uma faca parecia perfurar o pulmão do pobre sujeito. Ao olhar para trás, não havia ninguém – nem um grito de ódio, nem uma marca de pés no chão.
VERSO 10: Horas se passaram e a dor se agravou. O ar lhe faltava cada vez mais, e a febre parecia cozinhá-lo como um lagarto debaixo do sol. Já sem esperança de ser acolhido em algum dos hospitais sem leitos, e ainda longe de sua casa, Vítor vagou sem rumo pelas ruas desertas de São Paulo, cambaleando como alguém intoxicado.
VERSO 11: Vítor implorava que alguém o recebesse em sua casa, mas os portões se mantiveram todos silenciosos. O demônio tirava o ar dos pulmões, e também o calor do coração de muitos. Vítor, sem rumo como um barco à deriva, orou a Deus, então, com absoluta sinceridade no íntimo do seu coração, não encontrando qualquer outro refúgio em um mundo desolado.
VERSO 12: Vítor orou: “Ó Senhor Supremo, no ventre de minha mãe, prometi que seria Teu servo amoroso. Em vez disso, após meu nascimento, dediquei minha vida a buscar o meu próprio prazer egoísta, aceitando minha língua e meus genitais como meus amos adoráveis. Agora, sentindo as dores que anunciam minha morte iminente, me arrependo de ter dedicado meus dias ao cultivo da inveja, da raiva e da cobiça. Ó amigo dos aflitos, se me achas digno de Tua misericórdia, por favor, vem em socorro deste tolo amedrontado.”
VERSO 13: Após orar desse modo, Vítor, sem qualquer força, caiu na calçada, batendo sua cabeça contra uma porta pintada de rosa claro. Passados instantes, antes que Vítor conseguisse se levantar, alguém abriu a porta com um rangido. O homem debilitado, olhando para cima, viu um monge alto, como um farol sobre uma rocha, que o olhou com compaixão.
VERSO 14: O monge disse: “Pobre coitado! Ó desabrigado, não posso tocar em ti, visto que os caminhos do Corona são tortuosos. Por favor, não consideres meu distanciamento como frieza ou falta de hospitalidade. Sozinho, peço-te que te coloques de pé e adentres este humilde templo.”
VERSO 15: Arrastando-se para dentro, Vítor se sentou com dificuldade sobre um tapete velho e sem cor. Distante fisicamente, mas próximo em seus sentimentos, o monge cuidou de Vítor no melhor de seus limites, auxiliando-o com higiene, comida e remédios.
VERSO 16: O monge disse: “Meu nome é Acharya, e moro sozinho neste templo. Muitos anos atrás, comprei esta casa com o dinheiro que arrecadei vendendo os livros de meu mestre, o tripulante do Jaladuta. Por favor, peço que te sintas acolhido aqui. Eu não posso salvar teu corpo, mas, por favor, dize-me o que posso fazer por quem realmente és.”
VERSO 17: O homem moribundo disse: “Meu nome é Vítor, e serei eternamente grato a ti. Ó Acharya, entendo o que queres dizer sobre a diferença do corpo e do eu verdadeiro. Sei sobre essa realidade por um livro que me vendeste nas ruas muito tempo atrás, o qual descreve as glórias de uma vida além do nascimento e da morte. Em verdade, acho que foi o mérito piedoso que obtive naquele dia, ao te fazer uma doação pelo livro, o que me permitiu este abrigo em teu templo justo agora quando eu mais necessito.”
VERSO 18: Acharya sorriu com seus dentes amarelos e disse: “Tu me trouxeste a maior das alegrias ao me contar sobre tua leitura. Porque eu pude beneficiar alguém com meu empenho, sinto que minha vida não foi em vão, e que Krishna talvez esteja satisfeito comigo.”
VERSO 19: Acharya continuou: “Por favor, faze-me perguntas como queiras do que tenhas lido nesse livro. Para homens como nós, que fomos privados de toda esperança de felicidade material – advindas de saúde, riquezas ou gozo dos sentidos –, o único abrigo são as conversas centradas em Krishna e em Seus ensinamentos.”
VERSO 20: Vítor, entendendo que a situação que se dava era a resposta perfeita à sua oração, dirigiu a palavra ao monge com todo respeito com que falaria com o próprio Senhor Supremo, aceitando-o como um representante fidedigno de Deus.
VERSO 21: Vítor disse: “Ó melhor dos devotos, ó servo autêntico de Prabhupada, não consigo pensar em nada além de minha morte iminente. Desperdicei minha vida criando inimigos por assuntos políticos e outras futilidades, e agora temo o meu destino. Por favor, informa-me sobre o que acontece na hora da morte, e como posso saber para onde irei depois de abandonar o corpo.”
VERSO 22: Acharya disse: “Tua pergunta é excelente, ó melhor dos indagadores. Por favor, escuta o que o próprio Krishna diz sobre essa questão.”
VERSO 23: “‘Qualquer que seja o estado de existência de que alguém se lembre ao deixar o corpo, ó filho de Kunti, esse mesmo estado ele alcançará impreterivelmente. Portanto, Arjuna, deves sempre pensar em Mim na forma de Krishna e, ao mesmo tempo, cumprir com teu dever prescrito de lutar. Com tuas atividades dedicadas a Mim e tua mente e tua inteligência fixas em Mim, não há dúvida de que Me alcançarás.’” (Bhagavad-gita 8.6-7)
VERSO 24: Acharya comentou o verso citado: “Assim, se morreres desejando o mal àqueles que imaginaste que são teus inimigos, receberás em teu próximo nascimento a oportunidade de machucá-los. Se tens esperança de que alguma mudança no mundo político pode te trazer o néctar pelo qual sempre ansiaste, terás um nascimento para ajudar a consolidar esse regime tão sonhado. Como Krishna diz, há tanta variedade de nascimentos como os estados de consciência de cada ser humano.”
VERSO 25: Acharya continuou: “Krishna, então, sugere que pensemos nEle, e não em algum inimigo, miragem política ou qualquer outra coisa. Por favor, agora que tens pouco tempo de vida, segue a instrução de Krishna com afinco e abandona toda vã esperança nas conexões com este mundo e com relacionamentos baseados em apego e aversão.”
VERSO 26: Vítor se permitiu pela primeira vez percorrer com seus olhos o cômodo ao redor. Não havia nada ali que se parecesse com um templo. Eram apenas quatro paredes, como tantas outras de qualquer outro lugar. Ainda assim, algo inexplicável fazia daquele lugar um templo.
VERSO 27: Vítor disse: “Ó Acharya, por favor, dize-me como posso pensar em Krishna mesmo com tão curta duração de vida que me resta. Além disso, sou preguiçoso, não tenho boa inteligência, estou destituído de minhas posses e, acima de tudo, minha mente está sempre perturbada. Embora me seja impossível pensar em Krishna como me pedes, por favor, dize-me também, apenas por curiosidade, como Krishna retribui aquele cuja consciência se fixa nEle.”
VERSO 28: Acharya disse: “Vítor, não existem pessoas desqualificadas para meditar em Deus depois que o Senhor Chaitanya fez Seu advento na Terra. Chaitanya, o avatar da misericórdia, tornou Krishna facilmente acessível na forma do santo nome.”
VERSO 29: Acharya prosseguiu: “Uma pessoa com vida curta não pode adotar o longo processo do yoga óctuplo, alguém preguiçoso não conseguirá fazer austeridades nos Himalaias, um tolo é incapaz de estudar os Vedas, a pessoa pobre não pode remunerar um sacerdote para fazer um cerimonial, e alguém de mente perturbada não pode se dar à meditação silenciosa. Porém, nenhuma dessas limitações afeta o cantar do nome de Deus.”
VERSO 30: “‘Qualquer resultado obtido em Satya-yuga pela meditação em Vishnu; em Treta-yuga, pela realização de sacrifícios, e em Dvapara-yuga, por servir os pés de lótus do Senhor, pode ser obtido em Kali-yuga simplesmente por se cantar o maha-mantra Hare Krishna.’” (Srimad-Bhagavatam 12.3.52)
VERSO 31: “Ó Vítor, ó melhor dos leitores de Prabhupada, ouve agora a resposta ao teu outro questionamento, sobre a misericórdia de Krishna na hora da morte.”
VERSO 32: “Krishna pessoalmente Se torna a lembrança na hora da morte de Seu devoto. Confirmam isso as histórias de vida de duas grandes almas: Bhisma, que em seu leito de morte foi visitado pelo próprio Senhor, e Jatayu, que teve como sacerdote de seus ritos fúnebres o próprio Senhor. Quem, então, não adorará a Personalidade de Deus, que é assim tão amável?”
VERSO 33: “Homens insensatos, que deixam de lado as orientações das escrituras, preferindo agir segundo seus próprios caprichos, são carregados na hora da morte pelo resultado de suas próprias ações, que geram novos karmas, os quais podem ser ruins, bons ou uma mistura dos dois. Para os devotos, porém, Krishna diz: ‘Eu sou o pronto salvador do oceano de nascimentos e mortes.’ Por isso, Vítor, canta sem demora o santo nome.”
VERSO 34: Nessa hora, sirenes foram ouvidas passando fora da casa. As luzes vermelhas e brancas de uma ambulância projetaram losangos luminosos na parede no formato da treliça da janela. Aquilo soou para os dois devotos como um lembrete de que estavam em Mrityu-loka, o mundo da morte.
VERSO 35: Vítor disse: “Ó Acharya, ó portador da misericórdia do Senhor Chaitanya, sinto que minha morte não tardará, e aceito que não tenho outro dever além de me absorver em Deus na forma de Seu nome. Farei isso. Antes, peço-te apenas mais uma instrução. Por favor, me explica o que Krishna quis dizer sobre pessoas pensarem nEle e, ao mesmo tempo, cumprirem seu dever de lutar. O que a Suprema Personalidade de Deus quis nos ensinar com essas palavras?”
VERSO 36: O monge disse: “Ó alma solidária, embora já tenhas identificado que teu dever como alguém à beira da morte é simplesmente se lembrar da Personalidade de Deus cantando Seus nomes, fazes essa pergunta por aqueles que têm outros deveres. Na verdade, porque leste Prabhupada, já sabes a resposta, mas queres o bem de todos. Por favor, ouve enquanto compartilho a resposta com tua pessoa.”
VERSO 37: O monge continuou: “Aqueles que têm o dever de estarem em hospitais, comerciarem alimentos ou garantirem a segurança dos cidadãos não devem abandonar seus deveres durante os dias de isolamento. Em vez disso, devem cumprir seus deveres como uma oferenda a Krishna, ao mesmo tempo em que pensam em Krishna.”
VERSO 38: “Ouve com atenção, ó Vítor de coração compassivo. Essas pessoas colocam em risco sua própria vida pelo bem coletivo. Quem é merecedor de um sacrifício tão grande? Deus é conhecido como Prana-natha, o senhor da vida, e também Yajna-tapasa, o desfrutador dos sacrifícios. O sacrifício de uma vida deve ser oferecido a Deus, pois só Deus pode ser suficientemente grato por um ato tão nobre.”
VERSO 39: “Em verdade, tanto tu que te recolhes para morrer cantando o santo nome quanto aqueles que cumprem seus deveres enquanto se lembram de Krishna alcançarão o mesmo destino: a libertação do ciclo de nascimentos e mortes e o ingresso na morada eterna de Krishna.”
VERSO 40: Com um olhar abatido e dificuldade para respirar, Vítor esboçou um sorriso de pouca expressão. O olhar de Acharya também se entristeceu vendo o estado daquele buscador sincero. Sem conseguir agradecer com palavras, Vítor agradeceu com o pouco brilho que ainda restava no seu olhar.
VERSO 41: Vítor se deitou sobre o travesseiro que Acharya já havia preparado para ele. Acharya colocou sobre o peito daquele homem um conjunto de contas de japa para ele repetir o mantra Hare Krishna. Vítor segurou a japa, mas, sem fôlego, não conseguiu cantar. Acharya cantou por ele, o mais alto que pôde, e viu Vítor morrer.
VERSO 42: Uma semana mais tarde, no dia auspicioso do aparecimento do Senhor Rama, Acharya também morreu – também sem ar e também com febre. Muitas e muitas pessoas morreram, mas essas duas mortes são especiais, pois morreram um homem que ajudou e um homem que aceitou ser ajudado, e ambos entregues a Deus.
VERSO 43: Tempos mais tarde, Corona foi vencido, como todos os demônios que vieram antes dele. Algumas pessoas tiraram boas lições dos dias de medo, enquanto outras, infelizmente, apenas retomaram suas atividades insignificantes. Mas Acharya e Vítor sempre serão lembrados como aqueles que melhor se amaram.
VERSO 44: E todo aquele que se recorde desta história em um momento difícil, ou a conte para alguém com medo da morte, também receberá forças para cumprir seus deveres como uma oferenda a Krishna e lembrar-se dEle na hora final.

quinta-feira, 23 de abril de 2020

[Amigos de Krishna] Significados Bhaktivedanta: Um Avatar entre Nós

12 (artigo - pregação) Significados Bhaktivedanta1

Significados Bhaktivedanta: Um Avatar entre Nós
Nrisimhananda Dasa
Srila Prabhupada dedicou sua vida a trazer a maior e mais acessível coletânea de instruções espirituais jamais vista: os Significados Bhaktivedanta. Conheça mais sobre essa verdadeira biblioteca espiritual neste dia internacional do livro.
Iludido pela sua grande soma de desejos sem sentido, limitado por um corpo fadado a decrepitude e sem contar com nenhuma possibilidade de obter conhecimento substancial, o homem comum precisa necessariamente de ajuda externa de alguma fonte superior para poder se livrar do seu próprio emaranhamento neste mundo material.
É justamente por isso que Krishna, a Suprema Personalidade de Deus, vem uma e outra vez a este mundo, e cada ato realizado e cada ensinamento transmitido por esses divinos avatars é totalmente absoluto e pode livrar aqueles que com Eles se associam do maior tipo de perigo.
Para expandir ilimitadamente Sua misericórdia justamente quando mais precisamos dela, nesta fria e terrível era de Kali, o Senhor Krishna desceu na forma do Avatar Supremo: Sri Nama Prabhu, os Santos Nomes, que pode surgir tão logo seja invocado.
Podendo trazer imediata purificação e salvação da ilimitada espiral de sofrimento, Nama Prabhu é a única esperança de redenção para a humanidade. Portanto, desde que Sri Chaitanya Mahaprabhu nos brindou com os Santos Nomes, todos os grandes mestres e acharyas vaishnavas têm planejado como estender o alcance da sua popularidade. Então, Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura entendeu que os livros repletos de conclusões a respeito de hari-kirtan, as glórias infindáveis do Senhor, também são Nama Prabhu e que, em sua distribuição maciça, reside o sucesso da missão de Mahaprabhu.
Seguindo a estratégia de seu mestre, Srila Prabhupada dedicou sua vida a trazer a maior e mais acessível coletânea de instruções espirituais jamais vista: os Significados Bhaktivedanta. E quem possui familiaridade com eles sabe o quão milagroso é o efeito que eles causam na vida de quem os estuda. De fato, não existe diferença entre os livros de Srila Prabhupada e qualquer avatar.
Vaikuntha Reside nos Livros de Srila Prabhupada
Em sua encarnação como Matsya, Krishna apareceu como um peixe e salvou o sábio Satyavrata de um terrível dilúvio. Ao mesmo tempo, lhe ensinou as mais elevadas verdades védicas, que se encontravam perdidas.
Igualmente, os Significados Bhaktivedanta têm criado a oportunidade de um novo começo para o mundo moderno, castigado pela forte tempestade do materialismo científico, pois têm trazido à tona os Vedas como eles são.
Na forma de Kurma, a tartaruga, o Senhor serviu de suporte para a Montanha Mandara ser usada como uma batedeira no Oceano de Leite. Esse, à medida que era batido, revelava tesouros incríveis, como o cavalo de néctar, a árvore-dos-desejos e o arco invencível. Porém, durante todo o processo, Kurma advertia Seus servos, os semideuses, que não se distraíssem com eles, pois nenhum deles era útil sem o último a emergir: o néctar da imortalidade.
Da mesma forma, os Vedas ao serem “batidos”, ou devidamente escrutinados, nos ensinam como obter êxito em todas as metas da vida humana: religiosidade, prosperidade, satisfação e cessação do sofrimento. Todavia, os Significados Bhaktivedanta trazem o único presente de que realmente necessitamos: o néctar do amor puro, que é a raiz da vida eterna.
Como Varaha, o javali, o Senhor foi aumentando de tamanho até assumir proporções inimagináveis e resgatar a Terra do fundo do Oceano.
Como os Significados Bhaktivedanta, Nama Prabhu tem se expandido por todo o globo, alcançando cada pequena cidade e vila, e assim suspendido a terra do lamaçal da ignorância.
Aparecendo como Nrisimhadeva, Krishna protegeu Seu grande devoto da ira de seu pai, o monarca dos ateístas.
Aparecendo como os livros de Srila Prabhupada, Nama Prabhu tem protegido toda a comunidade de devotos do maior tipo de perigo: os desvios filosóficos que conduzem ao ateísmo, ainda que sutil. Assim, pelos próximos dez mil anos, os Significados Bhaktivedanta manterão seguro o siddhanta, o conjunto de ensinamentos trazidos a nós por Krishna e Seus devotos puros.
Vamana, o avatar anão, enganou Bali, o rei dos demônios, que havia dominado todo o universo e delegado seus subordinados para controlar os diferentes aspectos da criação. Após trapacear Bali, Vamanadeva devolveu o domínio do mundo material para Indra, soberano dos céus, e restituiu os semideuses como administradores do cosmos.
O nosso corpo é como um microcosmo e podemos ver Indra como a inteligência e Bali como a mente. Estando apegada a matéria, a mente se cercou de associados demoníacos e destronou a inteligência do controle das ações corpóreas, mas Prabhupada habilmente pode enganá-la e devolver à inteligência sua devida autoridade.
O ponto principal dessa história, entretanto, é que Vamana não matou Bali, senão que deu a ele infinito prazer ao aceitar a posição de porteiro de Sutala, o planeta de Bali. E Prabhupada não nega as nossas necessidades mentais, psicológicas, em seus livros. Pelo contrário, ele dá a mente meios pelos quais ela possa gozar de um prazer muito superior a qualquer outro conhecido.
Parashurama é o responsável por punir a classe militar que havia se desviado do seu dever.
E Srila Prabhupada ensina em seus livros como reconhecer os erros crassos da administração moderna e os procedimentos necessários para que haja um governo consciente de Krishna, facilitando assim o progresso da sociedade inocente.
Ramachandra veio para ensinar o comportamento ideal de um rei e chefe de família. Seus associados representam o desempenho perfeito de outros papéis sociais: a esposa imaculada, o servo leal etc.
Em seus Significados Bhaktivedanta, Srila Prabhupada mostra como podemos atuar de forma adequada em relação a nossa natureza, desejos e necessidades materiais, sem perder de foco a nossa verdadeira identidade espiritual de servo incondicional de Krishna.
Balarama, o irmão mais velho de Krishna, é o mestre espiritual original e somatório do conhecimento transcendental.
E os livros de Srila Prabhupada são o resumo completo de toda a preleção da sucessão discipular: neles encontramos a doçura de Rupa Goswami, a erudição de Baladeva Vidyabhushana, a inovação de Bhaktivinoda Thakura e idoneidade contra interpretações errôneas de Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura.
Buddha apareceu para salvar aqueles que estavam sendo manipulados por sacerdotes com motivações materiais e deixou atrás de si um sistema semirreligioso marcado pela meditação, não-violência e crença no vazio.
Srila Prabhupada denuncia em seus livros o kaithava-dharma, a religiosidade material, estabelece desde o começo o summun bonum de toda prática religiosa, o reestabelecimento de nosso relacionamento perdido com Deus, e permite gradativamente experimentarmos o verdadeiro niilismo: a sensação de saudades de Krishna. Esse sentimento de separação de Deus é o vazio interior que é pleno de toda a variedade de emoções espirituais.
Por fim, Krishna vem como Kalki e encerra Kali-yuga, iniciando uma nova era de harmonia.
Não precisamos esperar por Ele, contudo, pois, através de seus livros, Srila Prabhupada já inaugurou uma era superior a Satya: Prema-yuga, onde a mais íntima e espontânea atração por Deus se encontra amplamente disponível.
O Reservatório de Toda a Doçura
Qual passatempo os avatars realizam e Krishna não? Matar demônios. Ora, quando Krishna luta contra Aghasura, Bakasura, Aristasura e outros, não é o mesmo Vrajendranandana Krishna, o tesouro negro que brinca no pátio de Maharaja Nanda, adorna o colo de mãe Yashoda e cujos lábios guardam o encanto do coração da casta Srimati Radharani. Na realidade, o inimigo dos demônios é Vasudeva Krishna, uma expansão de Govinda, que está na categoria vishnu-tattva, a mesma dos avatars.
Da mesma forma, para um leitor que ainda esteja repleto de anseios materiais, os livros de Srila Prabhupada atuam como Vishnu: eles aniquilam nossos demônios interiores.
No entanto, o que Krishna faz que está além do alcance dos diferentes Vishnus?
Srila Rupa Goswami diz que uma das quatro qualidades únicas que Krishna tem que nem os outros avatars têm é que Ele pode tocar flauta. E o que há de tão especial nisso? O fato é que as notas musicais da flauta de Krishna são o próprio krishna-prema, o próprio amor puro por Deus, em forma sonora. E, quando esse som toca em algo, pode imediatamente mudar sua natureza. Quando Krishna tocava Sua flauta nas margens do Yamuna, era comum suas águas terem a superfície imediatamente congelada. Enquanto Ele erguia Govardhana e quis tocar flauta, os vaqueirinhos pediram que Ele mudasse de ideia, porque a colina poderia derreter em cima deles!
E quando Krishna tocava Sua flauta na madrugada, as vaqueirinhas automaticamente se esqueciam de todos os deveres materiais para com esposo e filhos e corriam para os bosques para dançar com Krishna.
A flauta de Krishna é um devoto muito especial e aparece nos passatempos do Senhor Chaitanya como um instrumento de percussão: a mridanga. E Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura disse que essa distribuição de livros é a maior de todas as mridangas. Então, não existe diferença entre ler Srila Prabhupada e ouvir a flauta de Krishna. De fato, quando lemos suas instruções, nosso coração, que é muito duro, pétreo, começa gradualmente a mudar sua natureza, a derreter de amor por Deus. E quando entendemos o que Srila Prabhupada tem a nos dizer, então nosso interesse por tantas causas materiais arrefece e ansiamos por participar deste que é o maior de todos os passatempos: o resgate das almas caídas.
A qualidade única de Krishna Govinda é que Sua única preocupação é reciprocar com Seus devotos através de melífluos passatempos, e, para aqueles que já estão se livrando do fardo de maya, os livros de Srila Prabhupada assumem esse aspecto de os impulsionar à quintessência da devoção: vraja-prema, o sentimento totalmente abnegado dos habitantes de Vrindavana.
Toda a realidade espiritual já se encontra nos livros de Srila Prabhupada, e isso inclui vraja-prema. Não precisamos buscá-lo em outro lugar, nem há reservatório onde ele seja tão facilmente encontrado do que nos Significados Bhaktivedanta!
Significados Bhaktivedanta: A Redenção dos Três Mundos
De fato, não há nada superior a vraja-prema, mas, para disseminá-la ilimitadamente, Krishna aparece mais uma vez como Chaitanya. Nessa encarnação, Ele e Seus associados romperam o selo do reservatório de prema para, em seguida, distribuírem o produto de seu furto indiscriminadamente. Essa misericórdia inexplicável exibida por Gaura e Nitai é audharya-lila, a maior das aventuras: uma odisseia para salvar todo o universo de uma só vez usando a compaixão como arma.
E a insígnia maior de audharya-lila é a distribuição dos livros de Srila Prabhupada, tanto é que esse serviço devocional, que por tantas vezes foi enfatizado como o mais querido e mais importante por Prabhupada, acabou se tornando sinônimo de sankirtana, a glorificação completa de Krishna e vida e alma de bhakti-yoga. A divulgação desses livros é o próprio bhakti-ratnakara, a joia da coroa do serviço aos pés de lótus de Krishna.
Pela distribuição de livros, Nama Prabhu passou pela Cortina de Ferro, se infiltrou pelas exuberantes paragens africanas e chegou até solos chineses. E todos aqueles que têm dado suas vidas para ajudar nessa distribuição estão tendo os mesmos benefícios dos soldados macacos que lutaram com Rama, dos Yadus que auxiliaram Krishna e dos bengalis que dançaram com Chaitanya.
E uma vez que os livros de Srila Prabhupada são totalmente espirituais, tudo relacionado a eles também é. Logo, mesmo aqueles que não podem sair a campo e ajudar a distribuí-los, podem colaborar de muitas outras formas, e todas são absolutas. Sem contar que qualquer serviço pode ser realizado com o espírito de apoiar e dar continuidade à distribuição dos livros e será da mesma natureza.
Prabhupada, através de seus livros, realizou um feito sem precedentes: permitir que todos possam participar de krishna-lila, apesar de estarem totalmente contaminados por aspirações materiais e egoístas.
Como sabemos, o Brihan-Naradiya Purana declara que harver nama, harer nama, harer namiva kevalam/ kalau nasty eva, nasty eva, nasty eva gatir anyatha, isto é, que, em meio ao caos destes tempos difíceis, não há possibilidade de salvação além do cantar das dezesseis sílabas do maha-mantra Hare Krishna. E certamente não existe nenhum meio de ajudar a população sofredora senão levando até ela as palavras de Srila Prabhupada e daqueles que o seguem puramente.
Os livros de Srila Prabhupada desceram diretamente do mundo espiritual, têm acabado com o niilismo e com o impersonalismo e dado aos devotos um prazer que se renova a todo momento. E por estudá-los e distribuí-los, podemos estar lado a lado com Krishna e Seu devoto puro.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

[Amigos de Krishna] Coronavírus: 3 Lições para a Nossa Vida

Precisamos aprender algo e sermos partes da solução.
Pandemia, quarentena, caos e pânico espreitam a população mundial e se tornaram as “palavras do dia” ao redor de todo o planeta Terra, nos últimos meses. Analisando friamente o assunto, verificamos que não é nenhuma novidade que algumas fatalidades, em diferentes proporções, se alastraram pelas diversas civilizações ao longo da História. Basta lembrarmos de tragédias como a peste bubônica, em 1343, na Eurásia; ou da gripe espanhola, em 1918, ainda no período da Primeira Guerra Mundial. Contudo, como efeito da globalização e avanço dos meios de comunicação, as notícias de pandemias atuais nos são mais imediatas, facilitando o aumento da prevenção, mas também do medo.
Além disso, os textos religiosos também nos apresentam maus presságios, como na Bíblia, no livro do Apocalipse (6.1-8), revelação de Jesus para João sobre o surgimento de entidades macabras, conhecidas como os Quatro Cavaleiros do Apocalipse, a saber, a Peste, a Guerra, a Fome e a Morte. Na Bhagavad-gita (8.15-16), a Suprema Personalidade da Divindade, Krishna, explica para Seu amigo e discípulo, o guerreiro Arjuna, que este mundo é um lugar de misérias (duhkha-alayam) e temporário (ashasvatam), e que, “partindo do planeta mais elevado no mundo material e descendo ao mais baixo, todos são lugares de miséria, onde ocorrem repetidos nascimentos e mortes”.
A Raiz do Problema e Suas Ramificações
Apesar do terror explícito nesta introdução, sejamos otimistas, pois Krishna sempre Se manifesta como a luz perante as trevas. Uma vez que nos tornamos cientes da nossa vulnerabilidade e aceitamos Suas verdades, podemos nos preparar para enfrentar as adversidades, protegidos pela sabedoria divina. Ele dá o conhecimento, memória e dota cientistas e líderes com inteligência suficiente para conduzir a população em tomar as atitudes mais adequadas diante dessa tormenta que, além de coletiva, também está sendo amenizada pelo bom uso da tecnologia, por exemplo, a internet, via que está permitindo que vocês leiam o presente artigo. Embora a situação esteja fora de controle em algumas áreas, de maneira geral, os países nunca estiveram tão bem preparados para combater um problema dessa magnitude. Por outro lado, há ainda outros fatores que fazem parte do desafio para o ser humano e que, na melhor das hipóteses, devem ser corrigidos a partir do atual estado crítico. A raiz deles é o esquecimento de Deus, seguido da violência contra a biodiversidade, contra si mesmo e contra seus semelhantes.
Primeira Lição: O Respeito com a Biodiversidade
A exploração da biodiversidade por conta de ação humana vem trazendo desequilíbrio e prejuízos irreversíveis aos ecossistemas, vide o caso das abelhas sob risco de extinção devido à exposição aos agrotóxicos utilizados pelos manejos agrícolas atuais. Outro exemplo é o mercado clandestino de animais silvestres que, muito supostamente, é a causa dessa pandemia do novo Coronavírus (Sars-Cov-2), no caso da cidade de Wuhan, na China, desde dezembro de 2019. Na verdade, esse não é o primeiro episódio em que há o contágio viral de humanos através do contato com animais, porém pessoas obstinadas, ignorantes e egoístas, que querem controlar a natureza, continuam insistindo no mesmo erro e, consequentemente, pondo a vida de outros em risco

Na Sri Isopanisad, há um verso que nos educa a como lidar com a propriedade divina e de outras entidades vivas: “O Senhor controla e possui todas as coisas animadas e inanimadas que estão dentro do universo. Portanto, todos devem aceitar apenas as coisas que lhes são necessárias, que foram reservadas como sua cota, e ninguém deve aceitar outras coisas, sabendo bem a quem pertencem”. (Sri IsopanisadMantra 1)
Inevitavelmente, continuaremos a sofrer as consequências de nossas próprias atitudes irresponsáveis, enquanto ignoramos que a natureza material, que assume a forma de Durga Devi, tem uma linguagem própria e responde, de maneira dura e avassaladora, às nossas ações inconsequentes. Então, devemos desenvolver a consciência de que existe o grande proprietário de tudo que é material e espiritual (ishavasyam idam sarvam), que Ele cuida de Suas energias e está suprindo a todos os seres, proporcionalmente. Logo, não há motivo para a humanidade se precipitar em usurpar os recursos naturais; ao invés disso, deve estabelecer a cultura de respeito entre Criador e criaturas.
Segundo Lição: O Recolhimento no Verdadeiro Eu
Outro fato importante é que, desde o dia 11 de março, em que a OMS (Organização Mundial de Saúde) declarou a pandemia de Covid-19, governos de diversos países tiveram que adotar o isolamento social, a fim de conter a propagação do vírus. A partir disso, no que tange à reclusão, muitos cidadãos estão tendo a tarefa e também a oportunidade de reavaliar seus próprios hábitos e passar mais tempo consigo mesmos, possibilitando mais autorreflexão. Em meio a essa eventualidade, deve-se desenvolver uma rotina preenchida por práticas adequadas de meditação, mantrasoração, literatura espiritual, alimentação regulada e atividades físicas que promovam o autoconhecimento e o controle dos sentidos, itens fundamentais para a saúde integral do corpo, mente e alma. Novamente, recorremos aos ensinamentos de Krishna, ao definir alguns critérios do que se considera conhecimento. Ele afirma: “(...) aspirar a viver num lugar solitário; afastar-se da massa geral de pessoas; aceitar a importância da autorrealização, e empreender uma busca filosófica da Verdade Absoluta...” (Bhagavad-gita 13.8-12)
Eis um cenário bastante oportuno para se questionar qual a finalidade de empreender tantos esforços em avanço material se mesmo um criatura microscópica e tão frágil, que é morta com espumas de sabão, produzidas do ato tão banal de lavar as mãos, um simples “bichinho”, está influenciando tanto em nossas expectativas, resultando em cancelamento de viagens de negócios, de turismo, queda nas finanças de grandes potências internacionais, separação de famílias e até mesmo levando a óbito entes queridos? Até que ponto nós, animais racionais, civilizados, tão cheios de conceitos, que nos julgamos tão donos de nossa liberdade e nossas conquistas, estamos realmente preparados para lidar com nossas emoções e superar as limitações? Quais são as reais necessidades e futilidades, quando o objetivo é gozar de uma vida livre e feliz? Pois é, essas propensões a indagar, formular respostas objetivas, tal como a grande facilidade de readaptação ao meio, são grandes vantagens e exclusividades da espécie humana. Sendo assim, esses fatores nos remetem ao justo senso de responsabilidade sobre nossos atos e o ambiente no qual vivemos.
Como disse Sócrates para os juízes, nos episódios finais d’Apologia, ao esperar pelo resultado de sua pena no Tribunal dos Heliastas: “Se vos dissesse que esse é o maior bem para o homem, meditar todos os dias sobre a virtude e acerca dos outros assuntos que me ouvistes discutindo e analisando a meu respeito e dos demais, e que uma vida desprovida de tais análises não é digna de ser vivida, se vos dissesse isto, acreditar-me-iam menos ainda.”
Vale ressaltar que já vivíamos numa situação em que as relações estavam se tornando cada vez mais virtuais. Inclusive, de acordo com a empresa londrina GlobalWebIndex, os brasileiros ocupam o 2º lugar no ranking de países que mais passam tempo nas redes sociais, e o abuso dessa tecnologia está diretamente ligado ao aumento no índice de depressão. Ironicamente, a privação de contato pessoal adoece alguns, principalmente os idosos, e ressignifica a existência de outros. Em ambos os casos, consideremos que uma oportunidade bastante propícia se apresenta para que todos saiam da quarentena espiritual, ou o distanciamento que tomamos de Deus, quando decidimos nos aventurar à nossa própria sorte e fomos infectados pelo vírus do egoísmo, desde tempos imemoriais. Então, sendo sensatos e humildes, devemos higienizar o coração e a mente, a fim de hospedar o único que está imune a qualquer tipo de mazela, o santo nome de Krishna. Aqueles motivados pela aflição devem buscar Seu amparo; outros, contagiados pelo sentimento da gratidão, reafirmando o valor de boa vida e saúde, devem Lhe prestar as devidas homenagens. De qualquer forma, Krishna está muitíssimo ávido e de braços abertos, esperando por esse reencontro. Aproveitemos!
Terceira Lição: O Reconhecimento da Família Universal
A propósito, convém lembrar que não são todos os cidadãos que têm a recomendação, tampouco o privilégio, de ficarem sob o abrigo do lar. Algumas pessoas continuam cumprindo com suas funções, com seus respectivos deveres, de acordo uma aptidão em particular que, na tradição do yoga, denomina-se dharma. Elas seguem salvando vidas nos hospitais, abastecendo supermercados, vigiando a segurança pública, cuidando de diversas áreas que são deveras essenciais para manutenção e o bem-estar da maior parcela da população. Eis aí a atitude de servir, o sentimento que todos temos em comum e que deriva da alma em si.
A propósito, convém lembrar que não são todos os cidadãos que têm a recomendação, tampouco o privilégio, de ficarem sob o abrigo do lar. Algumas pessoas continuam cumprindo com suas funções, com seus respectivos deveres, de acordo uma aptidão em particular que, na tradição do yoga, denomina-se dharma. Elas seguem salvando vidas nos hospitais, abastecendo supermercados, vigiando a segurança pública, cuidando de diversas áreas que são deveras essenciais para manutenção e o bem-estar da maior parcela da população. Eis aí a atitude de servir, o sentimento que todos temos em comum e que deriva da alma em si.
Assim, conscientes tanto do seu dharma social quanto engajados numa causa maior, em paralelo com o plano divino, cada um dos trabalhadores é beneficiado com a purificação de todo esforço (karma) e preocupação que a situação demanda. Por exemplo, a médica-devota reconhece que, além do voto de zelar pela saúde da pessoa com o corpo adoentado, ela também transmite ao seu paciente um tipo de cuidado que lhe revigora o espírito, renovando a esperança de viver e aliviando a ansiedade diante das adversidades; se temos agricultores-devotos, eles não maltratam o solo, o meio-ambiente, a plantação e, principalmente, oferecem a Deus o alimento que será distribuído para a população, nutrindo o corpo e a alma. Policiais-devotos, além de protegerem os inocentes dos malfeitores, transmitem para ambos a disciplina que os liberta da prisão do egoísmo e do conceito materialista de vida, através do santo nome.
Em resumo, Krishna é o criador do dharma (Srimad-Bhagavatam 6.3.19), o mecanismo que organiza o funcionamento do universo e ocupa cada indivíduo em sua determinada posição. De acordo com uma famosa passagem do Mahabharata, “quando o dharma é protegido, ele protege, quando o dharma é ferido, ele fere” (2017), ou seja, está mais do que evidente e emergencial que todos nós devemos cooperar uns com os outros, a fim de manter o equilíbrio entre humanidade, a Mãe Natureza e Deus, o grande Pai dessa família universal. Quantas catástrofes a mais terão que acontecer e vidas terão que ser perdidas para que possamos aprender essa lição tão básica?
Consideração Final: O Convite em Participar da Solução
Para finalizar, há a grande possibilidade de sairmos dessa crise global com uma melhoria na percepção do cuidado coletivo e empatia, superando o instinto egoísta e competitivo. Algumas atitudes como apoio aos agentes de saúde, a divulgação em massa da mensagem #ficaemcasa, jovens indo às compras para os mais velhos, a distribuição de alimentação para caminhoneiros nas estradas e o número significativo de quase 16 mil voluntários no estado do Rio de Janeiro inspiram-nos a acreditar num futuro mais solidário. Ainda assim, a onda do vírus vai passar e, na busca por alternativas que preencham a lacuna deixada pela tragédia, poderemos nos deparar com soluções que auxiliem a reinventar novos padrões de comportamento. Nesse contexto, é indispensável a proposta de Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Srila Prabhupada, de oferecer ao mundo o modelo de “vida simples e pensamento elevado”, baseado na sabedoria atemporal de Krishna, o eterno benquerente de todas as entidades vivas. Sem nenhuma sombra de dúvidas, promovermos o conhecimento espiritual mais elevado, o canto do santo nome de Deus, diante das perplexidades, é a decisão mais lúcida a ser tomada, pois a única maneira de, verdadeiramente, ser livre, saudável e feliz é reconectando o elo rompido entre o ser e Deus em Sua plenitude, presente em todas as espécies de vida que coexistem no planeta Terra. Om Tat Sat.
Dhira Chaitanya Dasa é discípulo de Chandramukha Swami. Graduado em Letras, é professor em cursos pré-vestibular e membro do corpo docente do Instituto Bhaktivedanta de Estudos Védicos. É casado e reside no Ashram Vrajabhumi.